Este dia é muito especial para as Crianças e,
se há aquelas que merecem comemorá-lo, há outras que nem tanto assim. Sim sim,
pareço insensível?! Mas falo com conhecimento empírico. No entanto, nós estamos
sempre lá para elas. É uma coisa estranha. Cansam-me, levam-me a paciência ao
rubro e a lados nunca dantes sonhados por mim, mas, encontro novos limites dessa
paciência. Parece que o copo enche, enche, transborda, mas cabe mais e
mais... Porém, se há esses que me "massacram" para sentir se há outro limite
para além do último, há outros que dá vontade de conhecer, estar, de até "levar
para casa" como lhes digo por vezes na brincadeira. Na verdade é por estes que
vale sempre sempre a pena e foi por eles que organizei uma peça de Teatro, que
apresentámos hoje. Parece que foi um sucesso, mas tudo se deveu a todos e estou
contente, porque não há nada melhor (profissionalmente) do que sentirmo-nos
recompensados pelo nosso trabalho. Ontem e hoje estive em modo de paciência
permanente, porque eles estavam tão felizes, que os seus maus comportamentos
eram justificados pela excitação. Todavia, descubro uma geração de muitos
meninos demasiado egoístas. Por mais que lute contra isso, eles não têm muita
sensibilidade perante os colegas, estando constantemente a tentar sobrepor-se ao
outro a todo o custo. Isto preocupa-me, pois é um exagero. Enfim. Depois, há
aquele lado: estão sempre prontos a ajudar-me e, apesar de tudo o que fazem ou
não fazem, da falta de concentração, do barulho, de correr nos corredores, das
queixinhas constantes, estão sempre "lá para mim". Este é o maior trunfo desta
turma, que é tão mista, tão heterogénea... que é tão minha... e que tenho mesmo
pena de deixar. Passo pelo menos cinco horas com eles por dia... por isso,
muitas vezes se enganam e me chamam "mãe", "tia" e outras coisas e, disso,
rio-me. Gostava de ficar para o ano letivo que vem, mas já sei que vou para uma
lista, onde só contam números. É isso que sou: um número. Nada mau, se fosse
para todos igual... Isto tudo para dizer que hoje apresentámos uma
Peça de Teatro, na qual também participei... e que nos soube mesmo bem. Penso
que lhes criei um momento inesquecível. Foram quatro sessões para onze turmas
distribuídas. Nada mau. Gostei mesmo e creio que este dia da Criança se tornou
realmente especial. (Eles são do terceiro e quartos anos, dos 8 aos 12
anos).
Eli
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